Em causa própria

20 dez

O espetáculo é o capital em tal grau de acumulação que se torna imagem.

Guy Debord, A sociedade do Espetáculo. Capítulo I, tese 34. 1967.

 

A inspiração para este texto veio de uma frase que ouvi recentemente. Estava eu tomando um café, numa birosca do centro, quando vi um casal que parecia realizar uma daquelas discussões de relacionamento que, pelos semblantes dos envolvidos, temos certeza de que não terminará muito bem. O ponto final veio de uma frase do rapaz: “olha, Luciana, além de tudo, você tem uma série de características das quais eu fujo”. A moça pareceu um pouco espantada mas, no final das contas, despediram-se e cada um foi para seu lado. Ainda não foi dessa vez que pude presenciar uma autêntica briga amorosa num boteco da General Jardim, com direito a gritos, facadas, impropérios diversos e uma enorme poça de sangue. A cada dia que passa, convenço-me mais de que, de fato, os amores não acontecem, todos, nos anos 1930, numa viela perdida na fronteira quádrupla entre Madureira, Vila Isabel, Bixiga e o centro velho de São Paulo.

Por caminhos um tanto sinuosos, o fim bem-comportado dos jovens do parágrafo anterior me fez refletir sobre o mundo do trabalho. A frase do rapaz, sobre possíveis características indesejadas, somada aos olhos tristonhos da moça, me fez pensar sobre os motivos do rompimento. Ela não tinha tantas qualidades quanto ele gostaria: talvez não fosse muito sensual ou não tivesse uma formação intelectual muito sólida. Além disso, aquele olhar tristonho era bem típico daquelas figuras que cultivam chateações renitentes e irresolúveis: nada está bom, nunca, não é, Luciana? Gosta de sofrer e joga toda sua amargura nas costas dos outros. Poxa vida, moça! Com um pouco de esforço e dedicação, você conseguirá ter suas cotas de sucesso, realizações e alegrias. Cinema, beijos, sexo, mãos dadas, jantares e até mesmo um namoro. Deixe de ver o mundo por esse filtro cinza que não fica bem nem em filmes europeus de culto à depressão.

Acho interessantes essas recomendações. O sentimento pequeno-burguês aparece para fazer uma visita aos relacionamentos afetivos. Com um tanto de esforço e dedicação, qualquer um pode ser grande. Você começa vendendo pentes na feira, trabalha duro, umas 12 horas por dia, e vai juntando um dinheirinho. Depois aluga uma lojinha e, junto dos pentes, oferece umas miudezas: cortadores de unha, tesouras, linhas, agulhas, escovas, uns cremes vagabundos, toucas, incensos e um “muito obrigado, volte sempre”. Trabalhando em sua lojinha, 12 horas por dia, você vai conseguir juntar mais dinheiro e abrir uma loja maior, com produtos mais confiáveis. Procurando bem, o cliente vai achar até um “creme Nivea” e vai perceber, maravilhado, que o “Bazar do Odair” comprou uniformes para todos os funcionários. Nesse ritmo de 12 horas diárias, passados uns 20 anos, o Odair vai aparecer no caderno de Negócios do Estadão, como grande empresário do setor de varejo, e vai se apresentar como Silva Júnior, pois “Odair” é nome de quem não foi muito longe na vida. O repórter, malandro, vai fazer uma piada sobre isso e concluir que, qualquer que seja o nome do fulano, essa é mais uma história de sucesso empresarial. Deus ajuda quem cedo madruga e é empreendedor – com uma mãozinha do Sebrae.

No capitalismo flexível, esse mito pequeno-burguês aparece renovado. Você não precisa mais abrir uma lojinha e depois uma loja e depois uma lojona e depois comprar um montão de lojas. Provavelmente, lá pela terceira loja você será obrigado a abrir o capital da empresa ou pensar num modelo de franquias… Além disso, nos dias atuais, o mundo corporativo possui outras opções. O sujeito abre uma empresa/pessoa jurídica de um homem só – pois carteira de trabalho assinada é tema de ficção científica – e passa a prestar serviços para um grande conglomerado que produz sabe-se lá o que, em cidades bem miseráveis do interior da Tailândia. Ano após ano, trabalhando 12 horas por dia, vestindo a camisa da empresa e batendo as mais improváveis metas, chegará ao posto de vice-presidente-de-novos-mercados-e-gestão-de-mídias-inovadoras. Aparecerá no caderno de Negócios do Estadão como um sujeito que começou digitando formulários na empresa e, graças à muita dedicação e espírito proativo, tornou-se um executivo reconhecido por sua competência.

Os dois exemplos citados acima renderiam ótimas histórias de superação pessoal. Eu ainda vou criar uma série chamada “Rocky, um Empreendedor”. Acho que a Globo reprisaria à exaustão.

Nosso modo de produção valoriza muito a cultura da vitória, do sucesso e da realização. Creio não ser interessante que as grandes massas exploradas de trabalhadores percebam a situação na qual se encontram. Esse modelo deve permanecer envolto em grossas camadas de fetiche – inapreensível, em suas consequências, para essas massas. A exclusão, a desigualdade, a violência, a pobreza e a miséria, nenhum deles deve ter origem social/sistêmica, o modo de produção deve ser considerado justo e a vitória, seja ela qual for, deve depender exclusivamente do esforço pessoal de cada indivíduo. Em alguns lugares o direito à “busca da felicidade” está garantido na constituição. E, ora, se você tem o direito à busca da felicidade e não consegue encontrá-la, é responsável direto por tal fracasso.

No capitalismo, seja ele fordista ou flexível, o que é o fracasso? O fracasso resulta de uma combinação de fatores: pouco esforço, decisões erradas, ausência de iniciativa, falta de criatividade, recusa ao sacrifício e/ou incompetência. Todos esses elementos repousam sobre uma base moral: o Estado não lhe negou direitos e a sociedade não é desigual, foi você que dormiu demais – porque ficou na farra –, perdeu o horário e agora vai para o inferno (ou o fracasso, que é a mesma coisa).

Acho interessante notar como as pessoas não compreendem uma série de fatos óbvios. Que vencedores geram perdedores e que, em muitos casos, nem todo esforço do universo vai resultar em sucesso. A mobilidade social não é tão ampla, não é garantida constitucionalmente e não está escrito em lugar algum que será sempre ascendente. Uma oscilação mais dramática desse ser chamado Mercado, um furacão, um plano econômico exótico ou uma doença que não é coberta pelo plano de saúde e bau-bau, fio. Num Estado de Bem-Estar Social (e ele merece as maiúsculas), as chances são melhores. Num país que faz de tudo para rejeitar a universalização da saúde, bem piores. Mas não há garantias em ambos. O modo de produção capitalista é como aquele sargento do exército americano que sempre aparece nos filmes da sessão da tarde. Não importa qual a sua resposta, ela sempre estará errada.

Fiquei a pensar em Luciana e no fora que levou, por ter uma série de características das quais o sujeito foge. Também pensei nas propagandas de cerveja, na novela das oito, nos filmes da sessão da tarde, na Revista Capricho, na Playboy, nos casais que vão ao Shopping Center e no programa da Hebe. Todos alegres, contentes, de bem com a vida, buscando realizações, querendo crescer na vida, em ambientes que a tristeza não adentra e em situações em que o sucesso sempre está presente. Rapazes sorridentes com moças bonitas. Não há um alcoólatra, um depressivo, um sujeito tristonho, ninguém tem “síndrome do pânico”, não há uma pessoa com um dedo faltando, uma perna torna ou que seja vesgo. Não há suor nem secreções diversas, todos acabaram de sair do banho. Um mundo de pessoas que se cuidam, tem uma alimentação balanceada, não consomem cigarros e que, vez por outra, provam um ou dois copos de um ótimo tinto francês. Sejam bons livros ou obras de auto-ajuda, todos acabaram de ler alguma coisa muito interessante. Um mundo de gente branca, bem cuidada, heterossexual. Todos com uma vida amorosa bem estruturada, com parceiros da melhor qualidade. Famílias felizes, namoros alegres, sempre um passeio no parque, numa tarde de domingo.

O meu ponto, neste texto, é o seguinte: esse cenário afetivo asséptico, sempre presente em filmes, propagandas e programas duvidosos é a encarnação do sentimento pequeno-burguês no campo afetivo. Assim, com um tanto de esforço, cuidado e dedicação, acordando cedo, vendendo pentes e trabalhando 12 horas por dia, qualquer um pode ter o seu grande amor, caminhar de mãos dadas na praça e viver feliz para sempre. O tristonho, o fracassado, o infeliz e o tal do “loser” são, todos eles, personagens que se negam, de forma sistemática, a enfrentar seus problemas, gostam de sofrer e recusam o caminho árduo, porém seguro, que leva ao final feliz. Sabe qual o problema da Luciana?A Luciana não quer ser feliz. A Luciana quer chafurdar na tristeza. A Luciana não quer empreender o necessário esforço pessoal que garante o sucesso na busca pela felicidade. Todos sabemos que a felicidade depende exclusivamente do empenho pessoal, não é mesmo?

O homem que progride pelo próprio esforço pode progredir no mundo dos negócios, no campo afetivo e onde mais desejar. Deus ajuda quem cedo madruga e, trabalhando firme, não há como fracassar. O namoro desfeito é a derrota daquele que não se dedicou de modo suficiente à busca do final feliz.

O sentimento pequeno-burguês que impregna a maneira pela qual enxergamos o modo de produção parece impregnar, também, nosso modo de entender o campo afetivo. Procure um bom parceiro, uma pessoa que queira evoluir, transformar-se. Procure a melhor pessoa possível na gôndola desse mercadão humano. Muito cuidado com o bêbado, o amargurado e o feio. Procure, finalmente, aquele ser que quer empreender afetivamente. E muito cuidado com aqueles que dão trabalho. Não dê ouvidos ao tímido, ao ranzinza, ao rancoroso, ao amargurado, ao feio, ao chato, ao demasiado pacato, àquele que quer passar férias em Itajubá, que almoça no boteco da esquina, que se satisfaz com pouco, que não se veste tão bem, que fica feliz com três livros, quatro discos e uma bicicleta. Você merece, sempre, o melhor: aquele que quer mais, deseja ir mais longe, tem a fibra de um boxeador, é inteligente como Einstein, tem o gosto musical de um Mahler, vende tão bem quanto o Abílio Diniz, recebe trozentos mil reais por mês, possui um plano de carreira bem estruturado… Encontrando esse ser, você terá sido vitorioso em sua busca pela felicidade, terá rejeitado o fracasso e poderá se orgulhar de uma vitória afetiva obtida à custa de muito esforço e muita dedicação pessoal.

Neste instante, sinto vontade de dizer ao moço da Luciana o seguinte: nem todos ficarão ricos e nem todos encontrarão esse grande amor. Porque a pessoa que descrevi acima não existe. O modo de produção é injusto e muitos ficarão para trás, sempre. No campo afetivo, esse conjunto de imagens bizarras de uma pseudo-felicidade nos impede, cotidianamente, de encontrar a pessoa que nos trará alguma satisfação. Pessoa ou pessoas, pois ainda não tenho opinião formada sobre a poligamia. Compramos um modelo mentiroso que diz que o acúmulo de esforço resulta em riqueza. E agora abraçamos um outro modelo, igualmente mentiroso, que diz que a combinação da boa escolha com muito esforço também resultará em amor de conto de fadas. Mas podem acreditar: quase ninguém vai sair desta rico e ninguém vai encontrar uma porcaria de um príncipe num alazão branco.

Está bastante claro que este é o texto de um “nerd” que tem, por hábito, ruminar aborrecimentos. Também pode-se concluir que ele está desempregado e sem um único centavo no banco. Não se trata, porém, de uma recusa das responsabilidades individuais – minhas ou de quem lê este texto. Acredito que escolhas são possíveis, pode-se acertar mais ou menos. Em última análise, cabe, a cada um, decidir se quer o picadinho ou a calabresa. Não me venha culpar o sistema caso você tenha matado seu canário de estimação num acesso de fúria porque não passou de fase num jogo de computador. Mas é de espantar que ninguém repare no fato de que os muitos modelos e estruturas que regem nossas vidas nos impõem um sem-número de restrições. Que estão e estamos nos colocando em caixas cada vez menores e mais apertadas. Que nem todo esforço individual é capaz de dar conta de certas situações. Que nem todos ficarão ricos. Que quase todos tem um olho caído, uma amargura secreta, um pé torto, algumas dezenas de dias ruins e que todos acordam com mau hálito. Ainda ontem, fiquei a me perguntar sobre o que poderia ser útil na busca pelo socialismo. Acho que um bom passo seria encontrar um modo infalível de assassinar o espírito empreendedor pequeno-burguês. Agora também acho que, matando-o, poderíamos encontrar um pouco mais de alegria na vivência de nossa afetividade.

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Despeço-me com uma canção de um sujeito tuberculoso, mirrado, feio de doer, sem queixo, que não empreendeu em nada, não ficou rico, não deu uma boa vida à esposa, terminou sem sua grande paixão, que tomava porres homéricos e que morreu aos 26 anos. Quase sem qualidades, tinha uma certa habilidade como compositor. Fez uns 300 sambas. Definitivamente, um péssimo partido. Daqueles a que você recorre só quando acabou de ganhar um belíssimo par de chifres. Mas fique tranquilo, o rapaz é muito generoso.

 

23 Respostas to “Em causa própria”

  1. blogs oswald 20/12/2010 às 13:27 #

    Texto brilhante. Gostei tanto que escrevi um post exclusivamente para indicá-lo aos meus leitores.

    Este blog tem conseguido me manter ainda perto de suas indignações! Que bom!

    Parabéns e boas festas.

    Adriano.

    • Tonico 21/12/2010 às 17:16 #

      Queridão,

      Muito obrigado pelos elogios e pela indicação de leitura no “Prefácio Cultural”. Assim que voltar das férias, passarei em sua casa e tomaremos um porre horrendo de guaraná, falando mal de todos os RHs do universo!

      Beijos,
      Tonico.

  2. Flávio 20/12/2010 às 13:35 #

    E ainda a culpa sentida por quem não consegue ser feliz ou bem-sucedido: onde foi que ele errou, afinal…?
    Do outro lado, ao mesmo tempo, a desculpa de quem conseguiu chegar lá.

  3. Roberta 20/12/2010 às 13:55 #

    Só faltou citar que os filhos desses casais assépticos serão protegidos de toda e qualquer bactéria, com sabonetes recomendados por toda a sorte de especialistas, e dos insetos, com repelentes e inseticidas distribuídos meticulosamente por aparelhos instalados nas paredes das casas. Ai, esse mundinho pequeno burguês impedindo até as crianças de brincar na lama, que dirá os adultos…

    Muito bom seu texto

  4. Vitor 20/12/2010 às 14:48 #

    um pequeno paralelo bizarro que me veio à mente lendo seu texto, na linha da sua contribuição à crítica da economia sentimental:
    se um trabalhador para subir na vida e mudar de classe, virar capitalista, precisa economizar seu salário, ou seja, viver com menos que o necessário pra sua produção e reprodução enquanto força de trabalho,
    um ser humano normal para viver o conto de fadas amoroso pequeno-burguês precisa igualmente viver com menos do que a carga sentimental necessária para sua produção e reprodução enquanto ser humano, precisa abdicar das pequenas misérias, mesquinharias e regozijos baratos do cotidiano para subir na vida e ser feliz, enfim, menos wando com cynar para chegar na champagne francês.

  5. Luiza Féres 20/12/2010 às 15:10 #

    Muito bom o texto, adorei!

  6. Guilherme Flynn 20/12/2010 às 16:14 #

    Curioso, uma das coisas que eu mais gosto de ler atualmente, é nosso próprio blog! Ainda mais quando não sou eu que escrevo.
    Só discordo de uma coisa, TODOS os amores acontecem em 1930 na fronteira entre o Bixiga e Vila Isabel.
    Delícia de texto Tunico.

    • Tonico 20/12/2010 às 17:55 #

      Guilherme do meu coração,

      Brigado, amor. Até ruborizei aqui.

      Tonico.

  7. Daniel P. Andrade 20/12/2010 às 17:20 #

    Não tenho nada inteligente para acrescentar, só queria dizer que o texto é realmente muito bom!

  8. Ligia 20/12/2010 às 18:36 #

    Adorei! Li aqui em casa.

  9. Carolina 20/12/2010 às 20:21 #

    Que bonito texto, Tonico. Gostei muito.
    Mas, fala aí, você levou um pé na bunda de quem?

  10. Táli 20/12/2010 às 21:51 #

    “Que estão e estamos nos colocando em caixas cada vez menores e mais apertadas. Que nem todo esforço individual é capaz de dar conta de certas situações.”

    UFA! Foi um alívio ler esse texto hoje!

  11. Lilian 21/12/2010 às 10:19 #

    Adorei o seu texto. Muito bem escrito!
    Mas… nao entendo o que o sebtimento pequeno-burgues possa ter contra passar as férias em Itajubá!!
    hahaha!
    É que eu sou de lá…;-)

  12. Cibele 21/12/2010 às 16:34 #

    Uau. Adorei. Mto bom moço.

  13. Antonio 22/12/2010 às 9:23 #

    Se o Noel fosse vivo acredito que elegeria este texto como o melhor trabalho em comemoração ao seu centenário

  14. Daniela Alarcon 28/12/2010 às 16:10 #

    Saudade, Tonico. Achei o blogue e gostei de ler tuas cousas. (As tuas também, Guilherme.)
    Posso incorporá-lo aos “blogues amigos” do meu singelo “Candangas”?
    Um beijo

    • Guilherme Flynn 28/12/2010 às 16:32 #

      Essa eu posso tranquilamente responder por ambos: claro que pode.
      Criamos um link para ele.
      Beijo

    • Tonico 28/12/2010 às 17:17 #

      Dona Daniela,

      Fico muitíssimo agradecido pelos elogios e digo que a saudade é recíproca. Precisamos tomar uns dois ou três cafés, um dia desses. Quanto ao link, pode mandar brasa!

      Beijos.

  15. Rodrigo 11/01/2011 às 21:27 #

    – Oi.
    – Oi.
    – Você se parece com ela – eu disse, apontando para o ponto de ônibus.
    – É mesmo? – ela sorriu, olhando para o outdoor. – Mas com quem? Com o personagem ou com a atriz?
    – Com os óculos de sol.
    Ela sorriu com menos inibição que antes, ajeitando os óculos escuros que pendiam na testa.
    – São muito bonitos. São muito caros também, não?
    – São. Muito. Muito bonitos.
    – Os seus ou os dela ? – eu perguntei, apontando novamente para a moça do cartaz.
    Riram os três. A moça à espera do ônibus, a moça de biquíni e o rapaz que a trazia, de mãos dadas, e que abraçava também uma prancha de surf. Os dois corriam na areia. É que o filme se passava no litoral, em um a praia. Mas se eu já não soubesse disso – e eu sabia não sei de onde – bem poderia ser um deserto.
    Mais tarde nós fizemos sexo. Eu e a moça à espera do ônibus. O casal do filme também fazia sexo, inclusive fora das filmagens – e isso eu também sabia não sei de onde. Eu quase que me senti compartilhado intimamente toda essa felicidade. Mas só até perceber as grossas estrias que correm pelas pernas da moça à espera do ônibus.

  16. Valterlei Borges 23/01/2011 às 21:10 #

    Tonico, só hj consegui ler o texto com calma. Minha opinião, é

  17. Valterlei Borges 23/01/2011 às 21:31 #

    (continunado) minha opinião, é que vc fez uma ótima análise sociocultural, e concordo plenamente com seu ponto de vista. Porém, acredito que essa seja uma interpretação, de certa forma,também pequeno burguesa ((meio que a gente nega e fala mal mas tb fazemos parte, afinal a gente gosta de frequentar bons cafés e discutir filmes da Nouvelle Vague) . No campo das significações e principalmente das interpretações sociológicas, concordo com tudo… De forma geral, e caindo num clichê, acredito que temos que ter um equilíbrio na postura diante da “vida real”. Por outro lado, se o equilíbrio fosse fácil o mundo seria perfeito. Agora, esse é um assunto que a gente pode discutir infinitamente… assunto

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